Gustavo Petro toma posse como primeiro presidente de esquerda da Colômbia | Noticias do mundo
Gustavo Petro prestou juramento no domingo como o primeiro presidente de esquerda da Colômbia, diante de uma multidão de centenas de milhares de pessoas em sua posse em Bogotá.
O ex-guerrilheiro de 62 anos e ex-prefeito substitui o profundamente impopular Ivan Duque, com planos de reformas profundas em um país assolado pela desigualdade econômica e violência das drogas.
A difícil vitória de Petro nas eleições de junho trouxe a Colômbia, há muito governada por uma elite conservadora, para um crescente grupo de esquerda na América Latina.
“Juro por Deus e prometo ao povo que cumprirei fielmente a constituição e as leis da Colômbia”, disse Petro diante da grande multidão de simpatizantes reunidos na Praça Bolívar, em Bogotá.
Petro – cujo governo deve contar com o apoio de uma maioria de esquerda no Congresso – pediu em seu discurso de posse aos grupos armados colombianos que “deponham suas armas” e aceitem benefícios legais “em troca da paz”.
Ele também apontou décadas de esforços antidrogas, dizendo: “É hora de uma nova convenção internacional reconhecendo que a guerra às drogas fracassou”.
E pediu a criação de um fundo internacional para ajudar a Amazônia colombiana devastada pelo desmatamento.
Na campanha, Petro prometeu durante seu mandato de quatro anos aumentar os impostos sobre os ricos, investir em saúde e educação e reformar a polícia após uma repressão brutal aos protestos anti-desigualdade no ano passado, que foi condenada internacionalmente.
Ele prometeu suspender a exploração de petróleo, promover energias limpas e reativar as relações diplomáticas e comerciais com o governo de Nicolás Maduro na Venezuela, suspensas desde 2019.
O Petro parte de uma “posição invejável, com grande maioria no Congresso e, em termos de rua, com um apoio que nenhum governo teve nos últimos anos”, disse à AFP o analista Jorge Restrepo, do Centro de Recursos para Análise de Conflitos (Cerac).
Maduro parabenizou Petro por sua posse, dizendo em um vídeo: “Estendo minha mão ao povo da Colômbia, ao presidente Gustavo Petro, para reconstruir a fraternidade com base no respeito e amor entre os povos”.
O líder venezuelano não havia sido convidado para a cerimônia pelo presidente cessante Duque, cujo gabinete supervisionou os preparativos para o evento.
Duque também negou um pedido de Petro para ter a espada da figura revolucionária Simon Bolívar presente na cerimônia – uma decisão que o novo presidente rapidamente reverteu logo após fazer seu juramento.
A espada, que acabou sendo trazida por guardas cerimoniais para a Praça Bolívar, foi de particular importância para Petro, pois havia décadas havia sido roubada pelo grupo guerrilheiro M-19 do qual ele era membro, antes de ser devolvido em 1991 após um acordo de paz negociado.
Carga de dívida ‘crítica’
A presidência de Petro também é histórica em outro sentido: ao seu lado estará a primeira vice-presidente afro-colombiana do país, a ativista ambiental e dos direitos das mulheres de 40 anos, Francia Marquez.
A dupla enfrentará uma economia sofrendo com a pandemia de coronavírus, um aumento na violência e uma raiva profunda contra o establishment político que culminou nos protestos do ano passado.
Quase 40% dos 50 milhões de colombianos vivem na pobreza, enquanto 11,7% estão desempregados.
A inflação em julho também atingiu 10,2% em relação ao ano anterior.
Na segunda-feira, uma comissão preparatória criada por Petro disse que ele estava herdando “um nível de endividamento e déficit fiscal que… é crítico”.
Milhares de colombianos desceram na praça principal de Bogotá para celebrar a posse de Petro e sua promessa de mudança.
“Estamos muito agradecidos… aos milhões de colombianos que acreditaram na mudança e hoje vamos começar a trabalhar de mãos dadas para alcançá-la”, disse Alexandra Rojas, defensora do novo presidente.
Outros não conseguiam conter a emoção.
“Estou feliz em ver a posse do nosso presidente Gustavo Petro, que felicidade, não consigo conter, a felicidade é grande, a mudança aconteceu, a mudança chegou”, disse Ruth Perez, envolta nas cores do a bandeira nacional.
Paz fala
Petro prometeu implementar disposições pendentes do acordo de paz de 2016 que viu o movimento rebelde das FARC depor armas após quase seis décadas de conflito civil.
O ex-prefeito de Bogotá também prometeu prosseguir as negociações com o grupo armado Exército de Libertação Nacional (ELN).
Apesar da dissolução das FARC para se tornar um partido político, a Colômbia viu um surto de violência.
Milhares de dissidentes continuam a lutar contra o ELN e poderosos cartéis pelo controle de campos de drogas, minas de ouro ilegais e lucrativas rotas de contrabando.
De acordo com o instituto de pesquisa para a paz Indepaz, existem 90 grupos armados com cerca de 10.000 membros ativos na Colômbia, o maior produtor mundial de cocaína.
Petro propôs permitir que grupos armados se entregassem em troca de alguma forma de anistia.
Os presidentes colombianos cumprem apenas um mandato.
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