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Corrida para vacinar raros macacos selvagens dá esperança para sua sobrevivência


Macacos selvagens ameaçados foram vacinados contra a febre amarela como parte de uma campanha para salvar as espécies ameaçadas

Quando a febre amarela começou a se espalhar no Brasil em 2016, resultando em mais de 2.000 infecções humanas e cerca de 750 mortes, ela também matou rapidamente um terço dos micos-leões-dourados, a maioria deles em apenas alguns meses.

Agora, os cientistas desenvolveram uma vacina personalizada para os símios ameaçados de extinção.

“Vacinar animais silvestres para o bem dos animais, não para proteger os humanos, é novidade”, disse Luis Paulo Ferraz, presidente da associação sem fins lucrativos Golden Lion Mico Association.

A campanha de vacinação começou em 2021 e já foram vacinados mais de 300 micos.

Coordenadora de campo, Andreia Martins, solta mico-leão-dourado após inoculação contra febre amarela (/Bruna Prado/AP)

Carlos R Ruiz-Miranda, biólogo conservacionista da Universidade Estadual do Norte do Rio de Janeiro, está entre os cientistas que trabalharam por mais de três décadas para proteger os micos-leões-dourados, indo duas vezes em seu socorro quando a extinção ameaçava.

Ele diz que as vacinas são a única opção que resta: “É muito extremo? Me dê outra alternativa.”

Os vírus sempre floresceram na natureza. Mas os humanos mudaram drasticamente as condições e o impacto de como eles se espalham na vida selvagem.

As epidemias podem cruzar oceanos e fronteiras mais rapidamente do que nunca, e as espécies já diminuídas pela perda de habitat e outras ameaças correm maior risco de serem eliminadas por surtos.

“A atividade humana está absolutamente acelerando a disseminação de doenças em populações não humanas”, disse Jeff Sebo, pesquisador ambiental da Universidade de Nova York, que não esteve envolvido no projeto no Brasil.

O sudeste do Brasil já foi coberto pela floresta tropical, mas hoje restam apenas 12% dela. No entanto, é o único lugar no mundo onde vivem os micos-leões-dourados selvagens.
Após a primeira morte confirmada em laboratório de um mico pelo vírus em 2018, um censo dos macacos revelou que a população de micos selvagens caiu de cerca de 3.700 para 2.500.

“Essa epidemia se moveu muito rapidamente de norte a sul, em todo o país – nenhuma vida selvagem faz isso”, disse Ruiz-Miranda.

“São as pessoas. Atravessam grandes distâncias em ônibus, trens, aviões. Eles trazem a doença com eles.”

A febre amarela é transmitida por mosquitos, explicou ele, mas pessoas infectadas com alta mobilidade espalham a doença muito mais longe e mais rápido do que insetos sozinhos.

“Percebemos que em cinco anos poderíamos perder toda a população se não fizéssemos nada”, disse Ferraz, da Associação Mico-leão-dourado.

Um mico-leão-dourado é manuseado por pesquisadores após ser vacinado contra febre amarela em um laboratório da associação sem fins lucrativos Mico-leão-dourado na região da Mata Atlântica de Silva Jardim, no Rio de Janeiro (Bruna Prado/AP)

Na época do surto de febre amarela, Marcos da Silva Freire era vice-diretor de desenvolvimento tecnológico da Fundação Oswaldo Cruz, do Brasil, que supervisiona o diagnóstico e a produção de vacinas no país.

Freire combinou com o Primate Center do Rio de Janeiro o início dos testes de diferentes doses de vacinas contra a febre amarela em cerca de 60 macacos, parentes próximos dos micos, em janeiro de 2018.

Um ano depois, ele verificou o nível de anticorpos no sangue. A vacina pareceu funcionar, sem efeitos colaterais negativos. Quando a equipe obteve a aprovação do governo para começar a vacinar macacos selvagens, o Sr. Freire supervisionou as primeiras rodadas de vacinas.

Até agora, eles vacinaram mais de 300 micos e não detectaram efeitos colaterais adversos. Quando capturaram e testaram novamente os macacos, 90% a 95% mostraram imunidade – semelhante à eficácia das vacinas humanas.

O surto parece ter diminuído e a população de macacos monitorados se estabilizou de maneira geral e até aumentou um pouco dentro da Reserva Biológica Poço das Antas.



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