Presidente ucraniano desafiador se recusa a fugir enquanto tropas russas pressionam em direção a Kiev

Tropas russas estão pressionando em direção à capital da Ucrânia após uma noite de explosões e brigas de rua que levaram os moradores de Kiev a buscar abrigo no subsolo.

O presidente do país recusou uma oferta americana de deixar a cidade, insistindo que ficaria e acrescentando: “A luta está aqui”.

Não ficou claro até que ponto as tropas russas avançaram. Autoridades ucranianas relataram algum sucesso na defesa contra ataques, mas os combates persistiram perto da capital.

Escaramuças relatadas na periferia da cidade sugerem que pequenas unidades russas estão sondando as defesas ucranianas para abrir caminho para as forças principais.

O prefeito de Kiev, Vitali Klitchsko, disse que um míssil atingiu um prédio alto na periferia sudoeste da cidade.

Ele postou uma imagem mostrando um porão aberto em um lado do prédio que devastou apartamentos em vários andares. Não houve relatos imediatos sobre vítimas.

O rápido movimento de tropas após menos de três dias de combates ameaçou ainda mais um país que se apega à independência diante de um amplo ataque russo, que ameaçou derrubar o governo democrático da Ucrânia e atrapalhar a ordem mundial pós-Guerra Fria.

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky ofereceu garantia renovada no sábado de que os militares do país resistiriam à invasão russa. Em um vídeo gravado em uma rua central de Kiev, ele disse que permaneceu na cidade.

“Nós não vamos depor armas. Vamos proteger o país”, disse. “Nossa arma é nossa verdade, e nossa verdade é que é nossa terra, nosso país, nossos filhos. E vamos defender tudo isso.”

A Ucrânia está lutando contra o invasor com armas nas mãos, defendendo sua liberdade e seu futuro europeu. Discutido com @vonderleyen assistência efetiva ao nosso país de 🇪🇺 nesta luta heróica. Eu acredito que o #EU também escolhe a Ucrânia.

— Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) 26 de fevereiro de 2022

Autoridades dos EUA acreditam que o presidente russo, Vladimir Putin, está determinado a derrubar o governo da Ucrânia e substituí-lo por um regime próprio.

A invasão representou seu esforço mais ousado para redesenhar o mapa da Europa e reviver a influência de Moscou na era da Guerra Fria, e desencadeou novos esforços internacionais para acabar com a invasão, incluindo sanções diretas a Putin.

O Kremlin aceitou a oferta de Kiev de manter conversações, mas parecia ser um esforço para arrancar concessões de Zelensky, em vez de um gesto em direção a uma solução diplomática.

O governo dos EUA instou o líder ucraniano no início do sábado a deixar Kiev, mas ele recusou a oferta, de acordo com um alto funcionário da inteligência americana, que citou o presidente dizendo que “a luta está aqui” e que ele precisava de munição antitanque, mas “não é um passeio”.

Os confrontos de rua de sábado se seguiram a dois dias de ataques aéreos e com mísseis massivos que, segundo autoridades russas, visavam instalações militares ucranianas enquanto suas tropas terrestres avançavam do norte, leste e sul.

O ataque atingiu pontes, escolas e prédios de apartamentos e resultou em centenas de vítimas. O ministro da Saúde da Ucrânia informou no sábado que 198 pessoas foram mortas e mais de 1.000 ficaram feridas desde que a ofensiva russa começou antes do amanhecer na quinta-feira.

Viktor Lyashko disse que o número de mortos inclui três crianças. Sua declaração não deixou claro se o número total inclui militares e civis.

Autoridades da cidade de Kiev pediram aos moradores que procurem abrigo, fiquem longe das janelas e tomem precauções para evitar destroços ou balas. Muitos passaram a noite em porões, garagens subterrâneas e estações de metrô.

O conselheiro de Zelenskyy, Mykhailo Podolyak, disse que as forças ucranianas controlaram a situação quando pequenas unidades russas tentaram se infiltrar em Kiev. O ministro das Forças Armadas do Reino Unido, James Heappey, disse que os combates na capital até agora estão confinados a “bolsões muito isolados de forças especiais e pára-quedistas russos” e que “as principais colunas blindadas que se aproximam de Kiev ainda estão longe”.

O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que seus militares assumiram o controle total da cidade de Melitopol, no sul, a cerca de 35 quilômetros da costa do Mar de Azov.

Não ficou claro quanto da Ucrânia ainda estava sob controle ucraniano e quanto as forças russas haviam apreendido.

Os Estados Unidos e outras potências globais decidiram congelar os bens de Putin e de seu ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, nesta sexta-feira, como parte de sanções mais duras à Rússia, à medida que a invasão repercutiu na economia mundial e no fornecimento de energia.

A Rússia permaneceu inflexível, vetando uma resolução do Conselho de Segurança da ONU exigindo que pare de atacar a Ucrânia e retire as tropas imediatamente. O veto era esperado, mas os EUA e seus apoiadores argumentaram que o esforço destacaria o isolamento internacional de Moscou.

A votação de 11 a 1, com a abstenção da China, Índia e Emirados Árabes Unidos, mostrou uma oposição significativa à invasão russa de seu vizinho menor e militarmente mais fraco.

A Otan decidiu enviar pela primeira vez partes da força de resposta da aliança para ajudar a proteger os países membros no leste. A aliança não disse quantas tropas seriam mobilizadas, mas acrescentou que envolveria poder terrestre, marítimo e aéreo.

Autoridades ucranianas afirmaram que centenas de russos morreram nos primeiros dias de combate. As autoridades russas não divulgaram números de vítimas.

Autoridades da ONU disseram que mais de 120.000 ucranianos deixaram o país para a Polônia, Moldávia e outras nações vizinhas. A ONU estima que até quatro milhões podem fugir se os combates se intensificarem.

Na noite de sexta-feira, o presidente dos EUA, Joe Biden, assinou um memorando autorizando até 350 milhões de dólares (261 milhões de libras) em assistência de segurança adicional à Ucrânia, elevando o total de ajuda de segurança aprovado para a Ucrânia para um bilhão de dólares (740 milhões de libras) no ano passado. . Não ficou claro com que rapidez a ajuda fluiria.