Saúde

Extrato de algas marinhas pode ajudar a projetar novos medicamentos


Os pesquisadores descobriram que Actinobactérias marinhas, uma família de bactérias que vive em algas marinhas, podem ter propriedades antimicrobianas e anticâncer.

Muitas pessoas pensam nos micróbios como organismos que causam doenças, mas os seres humanos hospedam bilhões de micróbios essenciais à nossa vida.

Micróbios incluem bactérias, protozoários, fungos, algas, amebas e bolores.

Os micróbios produzem compostos que os cientistas usam para desenvolver muitos dos medicamentos disponíveis hoje.

Nos últimos anos, a crescente questão da resistência a medicamentos significou que os pesquisadores precisaram explorar novas fronteiras para encontrar candidatos a medicamentos alternativos.

Actinobactérias são microrganismos presentes no solo e na água. No mundo marinho, eles desempenham um papel essencial tanto na reciclagem de biomateriais quanto na produção de compostos que podem ter aplicações farmacêuticas.

As actinobactérias marinhas permanecem relativamente inexploradas, mas estudos anteriores revelaram que essas bactérias têm o potencial de fornecer medicamentos futuros contra uma ampla gama de doenças, incluindo câncer, malária, certas infecções e condições inflamatórias.

Os pesquisadores concluíram que as Actinobactérias “produzem um tipo diferente de bioquímico [substance] com numerosos esqueletos de carbono, que foram considerados o principal componente que interfere na patogênese humana em diferentes locais. ” Essa descoberta pode levar ao desenvolvimento de novos medicamentos direcionados.

Um novo estudo apresentando em Fronteiras em Microbiologia revela que uma espécie comum de alga marinha chamada Laminaria ochroleuca, que é uma fonte rica de Actinobacteria, pode ter propriedades antimicrobianas e anticâncer que os cientistas poderiam usar para desenvolver novos medicamentos.

“Cerca de metade dos mais de 20.000 candidatos a medicamentos derivados de micróbios atualmente conhecidos são de Actinobacteria”, diz a autora sênior Dra. Maria de Fátima Carvalho, do Centro Interdisciplinar de Pesquisa Marinha e Ambiental (CiiMAR) em Portugal.

As actinobactérias ocorrem predominantemente em sedimentos no fundo do mar, mas também podem viver dentro de algas marinhas. A abundância dessas bactérias no mar pode ser um benefício considerável para os cientistas, como explica o Dr. Carvalho:

“Agora, o suprimento de novas espécies em terra – onde elas formam esporos e redes ramificadas como um fungo – está começando a acabar.”

“Vários novos medicamentos derivados de Actinobactérias marinhas já são conhecidos. Isso inclui o agente anticâncer salinosporamida A, atualmente em ensaios clínicos, e vários novos antibióticos eficazes contra infecções resistentes a medicamentos como MRSA e tuberculose ”, acrescenta o Dr. Carvalho.

L. ochroleuca é uma alga marrom que forma estruturas complexas e diversas chamadas florestas de algas. Os pesquisadores estavam cientes de que em algumas espécies de algas, Actinobacteria doa compostos protetores em troca de nutrição e proteção física, mas este é o primeiro estudo que se concentra nas bactérias dentro L. ochroleuca.

A equipe de pesquisa analisou amostras de L. ochroleuca do norte de Portugal. Depois de cultivar as amostras por 6 semanas em laboratório, os cientistas isolaram 90 cepas de actinobacterianas, que examinaram quanto à atividade antimicrobiana e anticâncer.

O estudo revelou que 45 dos extratos de actinobacterianos inibiram o crescimento de bactérias nocivas, como Candida albicanareia Staphylococcus aureus, o que pode causar infecções de pele. Alguns dos extratos permaneceram eficazes em concentrações muito baixas. Vários extratos também mostraram alguma atividade anticâncer.

De acordo com o Dr. Carvalho, “sete dos extratos inibiram o crescimento de câncer de mama e, principalmente, de células nervosas, sem afetar as células não cancerígenas”. Os cientistas concluíram que as algas L. ochroleuca contém altos níveis de Actinobactérias com potenciais propriedades antimicrobianas e de combate ao câncer.

Testes adicionais nessas poderosas cepas de bactérias confirmaram que alguns dos efeitos são atribuíveis a compostos que os pesquisadores não conseguiram encontrar em bancos de dados de compostos bioativos. Os autores do estudo desejam continuar sua investigação sobre esses novos produtos químicos.

Identificamos extratos de duas cepas de Actinobacteria que não correspondem a nenhum composto conhecido no banco de dados internacional mais abrangente de compostos bioativos naturais. Pretendemos acompanhar esses resultados emocionantes. ”

Autor principal Dr. Carvalho



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