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UE cética quanto à renúncia aos direitos de patente das vacinas Covid-19, mas pronta para discutir a proposta


A União Europeia (UE) está cética sobre a utilidade de renunciar aos direitos de patente das vacinas Covid-19 como forma de combater a pandemia, mas está pronta para discutir uma proposta concreta, disse o presidente dos líderes da UE, Charles Michel, no sábado.

Em declarações aos jornalistas antes do segundo dia de cimeira da UE na cidade portuguesa do Porto, Michel disse que a forma de combater a pandemia agora é disparar rapidamente mais tiros e diminuir as restrições às exportações em países como os Estados Unidos e a Grã-Bretanha que produzem vacinas mas não os venda a outros.

“Na Europa, tomamos a decisão de viabilizar as exportações e incentivamos todos os parceiros a facilitar as exportações de doses”, disse Michel, após discussões com líderes do bloco de 27 nações na noite de sexta-feira.

A Índia e a África do Sul pediram no ano passado a suspensão dos direitos de patente de vacinas como forma de aumentar a fabricação e garantir o abastecimento do mundo. O debate em torno do assunto estourou novamente na quarta-feira, quando o presidente dos EUA, Joe Biden, apoiou a ideia, desde que fosse feito por meio da Organização Mundial do Comércio (OMC).

O tempo necessário para obter um acordo da OMC e para construir uma capacidade ampliada de fabricação de vacinas significaria que tal renúncia não proporcionaria uma solução rápida, dizem os céticos.

“Sobre propriedade intelectual – não achamos que no curto prazo seja uma solução mágica, mas estamos prontos para nos engajar neste tópico assim que uma proposta concreta for colocada na mesa”, disse Michel.

As autoridades disseram que durante as negociações da cúpula de sexta-feira, a Alemanha – lar da BionTech que detém uma patente da vacina de mRNA altamente eficaz junto com a Pfizer – argumentou fortemente contra a ideia de renunciar aos direitos de patente.

Portugal, Estônia, Bélgica e Irlanda também mostraram-se céticos, mas a Grécia apoiou a ideia de renúncia, assim como a Itália, que era a favor de medidas com prazos limitados e geograficamente direcionados.

Autoridades da UE dizem que a Europa é um dos maiores exportadores de vacinas contra o coronavírus do mundo, com cerca de 200 milhões de doses enviadas para 90 países – o mesmo número de vacinas que a Europa distribuiu entre seus próprios cidadãos.

O presidente francês Emmanuel Macron, falando a repórteres antes das negociações de sábado, disse que com as vacinas Covid-19 o mundo poderia tentar emular o que foi feito anos atrás com medicamentos contra o HIV, quando tais medicamentos se tornaram muito caros para as nações pobres.

“Precisamos iniciar um debate hoje sobre fazer exatamente como fazíamos na época do HIV, onde a propriedade intelectual era uma fonte de bloqueio, deveria ser possível removê-la, mas de forma limitada”, disse Macron.

Ele ressaltou que qualquer ação não deve punir financeiramente as empresas que surgiram com a tecnologia da vacina. O braço executivo da UE, a Comissão Europeia, pediu na sexta-feira aos Estados Unidos e outros grandes produtores de vacinas que exportem o que fabricam. A chefe da comissão, Ursula von der Leyen, disse em uma entrevista coletiva que as discussões sobre a isenção não produziriam uma única dose da vacina Covid-19 no curto a médio prazo.



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