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‘Sommeliers de vacinas’ exigentes prejudicam a campanha de vacinação no Brasil, dizem especialistas


Uma pergunta surgiu na fila do lado de fora de um centro de inoculação improvisado no bairro litorâneo de Copacabana, no Rio de Janeiro, em uma manhã recente: “Qual vacina eles estão usando?”

Apesar do segundo maior número de mortes e infecções do mundo ser alto, as pessoas em todo o Brasil se recusam a receber a vacina se a vacina que está sendo usada não os satisfaz.

A mídia local os apelidou de “os sommeliers da vacina”.

Não há dados oficiais sobre o número total de pessoas escolhendo suas vacinas a dedo, mas dezenas de municípios no Brasil têm procurado coibir a prática, pegando os nomes dos que se recusam a ser vacinados com a vacina e transferindo-os para o final da fila.

Especialistas em saúde pública no Brasil dizem que a prática e a desinformação – ou informação mal compreendida – que a alimenta, ameaça minar a campanha de vacinação do país.

‘Egoísta’

Também é, dizem eles, muito egoísta.

“A pessoa está se colocando em risco e acaba colocando todo o sistema em risco”, disse Alexandre Naime Barbosa, professor de infectologia da Universidade Estadual Paulista. “Mostra falta de empatia, um enorme egoísmo.”

A tendência ocorre porque muitos países já vacinaram a maioria de suas populações e estão suspendendo as restrições.

A Sociedade Brasileira de Imunizações disse que a maioria dos incidentes envolve pessoas que recusam vacinas do Sinovac da China ou – em menor grau – da Astrazeneca. Em vez disso, procuram fotos da Pfizer e da Johnson & Johnson.

Grupos de WhatsApp surgiram com pessoas trocando dicas sobre quais centros de vacinação estão oferecendo as vacinas mais procuradas.

Alguns estão preocupados que o CoronaVac de Sinovac não funcione tão bem, enquanto outros temem que a Europa e os EUA possam não reconhecê-lo, pois as restrições de viagem são suspensas para os totalmente vacinados.

Dissipar preocupações

Especialistas em saúde brasileiros estão correndo para dissipar as preocupações, particularmente sobre o CoronaVac, lutando contra uma onda de críticas, inclusive do presidente Jair Bolsonaro, que disse sobre o uso da vacina chinesa no início deste mês: “Não deu certo”.

Testes em estágio final no Brasil descobriram que o CoronaVac tem uma eficácia de 50 por cento na prevenção de infecções sintomáticas, em comparação com 76 por cento para Astrazeneca e 95 por cento para Pfizer.

Mas, em um contexto do mundo real, afirmam os especialistas em saúde pública, o CoronaVac se mostrou muito eficaz na redução de hospitalizações e mortes.

“Quando você olha o que realmente importa, reduzindo o número de internações e óbitos, todas as vacinas que temos no Brasil têm uma eficácia muito alta”, disse o professor Barbosa.

Escolher sua vacina é um gesto ignorante que carece de compromisso com a saúde pública

Em Serrana, uma cidade no estado de São Paulo, onde quase toda a população adulta foi vacinada com CoronaVac como parte de um estudo, as mortes foram reduzidas em 95 por cento. As hospitalizações caíram 86 por cento e as infecções sintomáticas em 80 por cento.

Especialistas em saúde pública também enfatizaram que o risco de desenvolver coágulos sanguíneos como resultado de tomar a vacina Astrazeneca é incrivelmente raro.

Nenhuma vacina, enfatizam os cientistas, elimina totalmente a chance de morte.

“Escolher a vacina é um gesto ignorante e sem compromisso com a saúde pública”, disse Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan, que está produzindo o CoronaVac no Brasil.



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