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Por que a decisão do tribunal polonês é uma crise da UE e o que pode acontecer a seguir


Uma decisão da mais alta corte da Polônia contestando a supremacia da legislação da União Europeia mergulhou a UE em uma crise existencial e levantou questões sobre o futuro do país do Leste Europeu no bloco.

Como o drama vai se desenrolar a partir daqui está longe de ser claro.

O que aconteceu?

O Tribunal Constitucional da Polónia, cujos juízes foram nomeados pelos nacionalistas eurocépticos do partido Lei e Justiça (PiS), decidiu na quinta-feira que vários pontos dos artigos 1 e 19 dos tratados da UE eram incompatíveis com a constituição polaca.

Isso marca uma escalada acentuada de uma batalha com Bruxelas sobre o Estado de Direito e, em particular, a independência do judiciário, que se alastrou desde que o PiS assumiu o poder no final de 2015.

Por que isso é um problema existencial para a UE?

A UE, como entidade jurídica, baseia-se no princípio de que todos os membros reconhecem a supremacia das leis da UE e no facto de apenas o Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) as poder interpretar.

Se um Estado-Membro rejeita a primazia da legislação da UE sobre a legislação nacional e o direito do TJUE de interpretá-la, está a rejeitar o princípio subjacente em que a UE se baseia.

Se isso permanecer, levantará questões sobre a viabilidade da própria UE.

Isso poderia forçar um ‘Polexit’?

A Polônia aceitou os tratados da UE sobre a entrada no bloco em 2004 em um referendo e por meio de ratificação parlamentar. O mesmo tribunal constitucional, embora na época composto por juízes nomeados de forma independente, já havia decidido que não havia contradição entre os tratados da UE e a constituição da Polônia.

Mas, sob o governo PiS, Varsóvia se recusou a implementar as decisões do TJUE de que deve desmantelar as mudanças no judiciário que prejudicam sua independência e que deve pagar altas multas diárias à República Tcheca em uma disputa ambiental.

Alguns funcionários da UE dizem que a decisão do tribunal tinha o objetivo de dar ao governo polonês uma desculpa legal para ignorar o TJUE, mas na verdade coloca a Polônia fora da ordem legal da UE.

Não há pressão popular na Polônia para deixar a UE, ao contrário da Grã-Bretanha antes do referendo do Brexit de 2016, e o governo polonês diz que não quer um ‘Polexit’.

Mas a decisão do Tribunal Constitucional pode ser vista como um sinal de que o judiciário polonês já escolheu, de fato, tirar o país da UE, abandonando o pilar jurídico sobre o qual se assenta o bloco.

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A direção que esta crise tomará dependerá de Varsóvia agir de acordo com a decisão do tribunal, como ela a aplica e se continua a ignorar as sentenças existentes do TJUE.

O que pode acontecer a seguir?

Alguns funcionários da UE dizem que um dos efeitos da decisão será mais caos no sistema jurídico polonês, com alguns juízes aplicando a legislação da UE diretamente em seus veredictos e outros, temendo penalidades de um tribunal disciplinar nomeado pelo PiS, ignorando-o.

Em resposta à decisão, a Comissão Europeia, que é a guardiã das leis da UE, poderia lançar um ‘processo de infração’ contra a Polónia no TJUE para forçá-la a aceitar a supremacia da legislação da UE. Esse processo, que pode levar semanas ou meses, pode levar a uma multa de Varsóvia.

A Comissão lançou medidas legais contra a Alemanha quando o tribunal constitucional alemão questionou a legalidade do projeto do fundo de recuperação da UE. O caso polonês é diferente, porém, porque questiona a própria base da construção da UE.



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