Pais, seu estresse pode afetar o cérebro do seu filho
Durante a vida, a experiência de estresse de um pai pode alterar seu esperma de maneiras que afetam o desenvolvimento de sua prole – incluindo o cérebro e como eles respondem ao estresse.
Um estudo que foi apresentado recentemente na reunião anual de 2018 da Associação Americana para o Avanço da Ciência, realizada em Austin, TX, revela novas idéias sobre como isso acontece.
Já foi estabelecido que a experiência de uma mãe durante a gravidez – incluindo a qualidade de sua dieta, estresse e infecção – pode influenciar o desenvolvimento de seus filhos, incluindo o cérebro.
A nova pesquisa – liderada por Tracy Bale, professora de farmacologia na Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland em Baltimore – aumenta nossa compreensão de como os pais também podem influenciar o desenvolvimento cerebral de seus filhos.
O estudo, que ainda está para ser publicado, refere-se ao campo da epigenética, relacionado a fatores que podem alterar as instruções contidas em nosso código de DNA sem alterar o próprio código.
As alterações epigenéticas desempenham um papel importante na saúde e na doença. Por exemplo, eles podem mudar o que acontece nas células ativando e desativando os genes e determinando quais proteínas são produzidas.
Além disso, existem evidências crescentes da epigenética sobre como as exposições e experiências ambientais de uma geração podem influenciar o desenvolvimento biológico e os riscos de doenças da próxima por meio de mecanismos de herança.
O câncer foi uma das primeiras doenças humanas que os pesquisadores vincularam a alterações epigenéticas.
Estudos desde a década de 1980 descobriram que o tecido tumoral de pessoas com câncer colorretal tinha menos marcadores epigenéticos conhecidos como metilação do DNA do que o tecido normal dos mesmos indivíduos.
O novo estudo revela o processo pelo qual uma vida de estresse leve em ratos machos pode alterar marcadores epigenéticos específicos em seus espermatozóides para moldar o desenvolvimento do cérebro e prejudicar a resposta ao estresse de seus filhos.
Em trabalho anterior, o Prof. Bale – então na Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia – descobriu que as alterações epigenéticas são transmitidas através de microRNAs, uma família de moléculas que podem ativar e desativar genes. Enquanto eles não codificam proteínas, os microRNAs podem influenciar sua produção.
Esse trabalho mostrou que os filhos de ratos adultos que sofreram “períodos crônicos de estresse leve” tiveram uma resposta ao estresse prejudicada.
Exemplos de desafios de estresse leve incluíram mover os animais para novas gaiolas e expô-los à urina de uma espécie predadora, como a das raposas.
Outra pesquisa mostrou que alterações na resposta normal ao estresse podem estar ligadas ao transtorno de estresse pós-traumático, depressão e outras condições psiquiátricas.
Na reunião, a professora Bale apresentou seu trabalho mais recente, no qual ela descobriu o mecanismo biológico que permite que mudanças no microRNA do pai sejam transmitidas aos seus filhos.
Uma vez que o espermatozóide masculino se forma nos testículos, ele viaja para o epidídimo caput, onde amadurece. Uma parte do processo de amadurecimento envolve a fusão das “células germinativas” masculinas com pequenos sacos ou vesículas, produzidos pelo epidídimo caput.
As vesículas fundidas ao esperma contêm microRNAs – incluindo aqueles que podem ter sido alterados como resultado da experiência de estresse do pai. Esses microRNAs acabam influenciando a expressão gênica na prole.
Os resultados sugerem que mesmo os leves desafios de estresse nos pais podem resultar em uma mudança notável no desenvolvimento e, portanto, na saúde de seus filhos.
A esperança é que, aprendendo mais sobre esses mecanismos hereditários subjacentes, tenhamos mais chances de tratar e prevenir algumas das doenças para as quais elas contribuem.
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