Nova molécula pode impedir danos neurais
A doença de Parkinson é uma condição neurodegenerativa caracterizada por sintomas como tremor, equilíbrio prejudicado e lentidão de movimento. Novas pesquisas da Espanha, no entanto, podem ter encontrado uma maneira de parar e até reverter a degeneração neural específica para essa condição.
Dados dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) indicam que aproximadamente 50.000 pessoas recebem um diagnóstico da doença de Parkinson a cada ano nos Estados Unidos.
Em termos de prevalência mundial, estudos mostraram que a doença de Parkinson afeta um por cento da população com 60 anos ou mais e é a segunda condição neurodegenerativa mais diagnosticada.
Embora as causas dessa condição permaneçam incertas, seu desenvolvimento está associado a certos mecanismos tóxicos que se estabelecem no cérebro. Um dos principais mecanismos é a formação de agregados conhecidos como “corpos de Lewy”, que interrompem a atividade normal das células nervosas.
Esses agregados são feitos de uma proteína chamada “alfa-sinucleína”. Embora os pesquisadores saibam que a alfa-sinucleína desempenha um papel importante na doença de Parkinson, bem como em diferentes formas de demência, ainda não está claro como é produzida no corpo e qual o papel que desempenha no cérebro saudável.
O que entendemos, no entanto, é que a ação da alfa-sinucleína pode acabar com a deterioração da função motora que ocorre no Parkinson.
Recentemente, uma equipe de pesquisadores da Universitat Autònoma de Barcelona, na Espanha, identificou uma molécula especial que não apenas bloqueia a neurodegeneração, mas também pode revertê-la.
O trabalho de estudo, que aparece em PNAS, descreve os métodos que os pesquisadores usaram para encontrar essa molécula – chamada SynuClean-D – e começaram a testá-la quanto à eficácia e segurança.
Os pesquisadores examinaram mais de 14.000 moléculas, procurando uma característica específica: moléculas que seriam capazes de impedir que a alfa-sinucleína se juntasse em agregados.
Empregando novos métodos de triagem de moléculas e analisando suas propriedades, os cientistas finalmente identificaram o SynuClean-D, que atua como um inibidor de agregação.
Em uma etapa posterior, eles também testaram a molécula in vitro, para ver se seria eficaz e seguro usar em culturas de células neurais humanas. Depois que essa etapa foi concluída, a equipe decidiu também testar o SynuClean-D in vivo – no Caenorhabditis elegans verme, que é freqüentemente usado na pesquisa de Parkinson.
C. elegans é um bom modelo para o Parkinson porque expressa alfa-sinucleína no músculo ou em certas células nervosas – ou seja, neurônios dopaminérgicos, que sintetizam o principal neurotransmissor dopamina.
Esses tipos de neurônios também estão envolvidos no envio de mensagens que regulam a mobilidade; portanto, quando sua atividade é inibida pelos agregados alfa-sinucleína, a capacidade de um indivíduo de se mover também é prejudicada.
Os cientistas usaram dois C. elegans modelos da doença de Parkinson no presente estudo. Após administrar o SynuClean-D aos vermes nos alimentos, os pesquisadores descobriram que isso impedia a alfa-sinucleína de se unir, protegia os animais contra a degeneração neural e aumentava sua mobilidade.
No futuro, os pesquisadores esperam que suas descobertas atuais permitam o desenvolvimento de tratamentos mais direcionados para condições neurodegenerativas.
“Tudo parece indicar que a molécula que identificamos, o SynuClean-D, pode fornecer aplicações terapêuticas para o tratamento de doenças neurodegenerativas como a de Parkinson no futuro. “
Coordenador de estudos, Salvador Ventura
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