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Mortes por Covid-19 excepcionalmente altas entre bebês e crianças pequenas no Brasil. Aqui está o porquê


O Brasil foi uma das nações mais atingidas pela pandemia do coronavírus (Covid-19), mas o número incomum de mortes entre bebês causou imensas preocupações. Apesar das evidências esmagadoras baseadas em dados de que a Covid-19 raramente se torna fatal para crianças, cerca de 1.300 bebês morreram de coronavírus, de acordo com um relatório da BBC.

A BBC fez um artigo sobre o filho de uma brasileira de um ano que morreu dois meses depois de apresentar os primeiros sintomas da Covid-19 em maio do ano passado. Jessika Ricarte levou seu filho, Lucas, para um hospital depois que ele teve febre, fadiga e dificuldade para respirar. O nível de oxigênio estava em 86 por cento, mas o médico garantiu a Jessika que Covid-19 era raro em crianças e a mandou para casa com alguns antibióticos, informou a BBC.

Jessika, moradora de Tamboril no Ceará, nordeste do Brasil, disse que embora alguns dos sintomas tenham desaparecido ao final de seu curso de antibióticos de 10 dias, o cansaço permaneceu, de acordo com o relatório. Em 3 de junho, Lucas vomitou várias vezes após o almoço, o que levou Jessika a levá-lo a um hospital local. Ele testou positivo para Covid-19 e foi transferido para uma unidade de terapia intensiva pediátrica em Sobral, um município que ficava a mais de duas horas de distância.

Lucas foi diagnosticado com uma doença chamada síndrome inflamatória multissistêmica (SIM). Um estudo recente, Publicados in The Lancet, sugere que a síndrome inflamatória multissistêmica em crianças (MIS-C) é uma condição de saúde séria recentemente identificada associada a Covid-19. É uma condição hiperinflamatória rara, mas grave, em crianças e adolescentes, que ocorre tipicamente de 2 a 6 semanas após a infecção pelo coronavírus.

MIS-C é uma resposta imunológica extrema ao vírus e pode afetar vários sistemas de órgãos, incluindo os sistemas cardíaco, gastrointestinal, hematológico, dermatológico, neurológico, respiratório e renal. Para o estudo, os pesquisadores analisaram 1.080 pacientes que atendiam à definição de caso MIS-C e tinham dados clínicos suficientes para análise de fatores pré-existentes.

De 1.080 pacientes, 431 foram admitidos na UTI no mesmo dia da internação e 217 foram admitidos na UTI pelo menos após um dia de internação. Os sinais e sintomas clínicos da MIS-C incluem tosse, falta de ar, vômito, diarreia, erupção na pele e dor abdominal, entre outros. Cerca de 28 por cento dos pacientes tiveram função cardíaca diminuída, 36 por cento sofreram choque e cerca de 2 por cento dos casos resultaram em mortes.

Lucas foi intubado após ser diagnosticado com MIS-C e sofreu parada cardíaca enquanto estava na UTI, informou a BBC. A médica que atendia a criança disse que ficou surpresa com a gravidade de seu quadro, já que ele não apresentava nenhum fator de risco em termos de comorbidades ou excesso de peso. Uma tomografia computadorizada descobriu que Lucas teve um derrame e morreu depois de uma queda repentina na frequência cardíaca e no nível de oxigênio, de acordo com o relatório.

De acordo com especialistas citados pela BBC, o grande número de casos de Covid-19 no Brasil levou a um aumento na infecção entre bebês e crianças pequenas. Embora os dados oficiais do Brasil sugiram que a Covid-19 matou pelo menos 852 crianças de até nove anos, a Dra. Fatima Marinho, uma importante epidemiologista da Universidade de São Paulo, fez uma pesquisa que estimou que o vírus matou 2.060 crianças menores de nove anos, incluindo 1.302 bebês. Marinho disse à BBC que está vendo mais casos de MIS-C do que nunca, destacando que há um equívoco de que as crianças correm risco zero para Covid-19.



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